terça-feira, 28 de abril de 2009

Participação do Eduardo do Blog Sombreiro

Mais uma postagem feita pelo amigo Eduardo do Blog Sombreiro:


A minha cerejeira

Na Primavera a cerejeira veste-se de branco, qual noiva bela

Em Maio já abundam as cerejas com "guarda" à vista

No Outono, o verde das folhas dá lugar ao castanho
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Um dia, um amigo disse-me: Sr. Santos, você precisa de uma árvore para o seu jardim. Vou trazer-lhe uma. Eu concordei, de facto ficava bem uma árvore ali e aceitei a prestimosa oferta. No dia seguinte, o amigo entrega-me uma pequena árvore e diz: aqui tem, é uma cerejeira, trouxe-a da minha terra (era natural de uma localidade perto de Fátima).
Esta conversa teve lugar há cerca de 35 anos, é a idade desta árvore. O amigo que me presenteou já não está entre nós. Paz à sua alma.
Plantei a árvore, tratei-a e ela foi crescendo. Talvez ao quarto ou quinto ano, não posso precisar, começou a dar fruto. Uma cereja de casta pequena, mas muito saborosa. Ao longo dos anos e consecutivamente, fui acompanhando a vida da árvore, regando-a, fazendo a poda e apanhando o seu fruto. Mas creiam que me tem dado bastante trabalho, muitas horas ocupadas só para ela.
Após o Outono ela fica despida, sem folhas e na Primavera começa a florir - fica linda, toda de branco, tal como uma noiva - e a nascer a folha. Seguidamente vêm as abelhas que, de flor em flor, vão transportando o pólen para que ela possa dar fruto.
Em Abril começam a aparecer as pequeninas cerejas que, lentamente, crescem e a sua cor vermelha parecem salpicos entre o verde das folhas, uma imagem deveras interessante.
Depois de meados de Maio já há frutos amadurecidos, mas ainda antes já os pássaros as descobriram e com elas se vão banqueteando. Quando o ano é de pouca cereja, eu tenho de me contentar com aquelas que eles deixam. Assim que as cerejas começam a pintar, tenho imensos “amigos” de asas que fazem da minha cerejeira o seu local de refeição. É uma cerejeira grande, normalmente dá bastante cereja, mas a verdade é que são poucas para tantos visitantes.
Passam diariamente pela cerejeira centenas de melros, pardais e outras aves. Durante cerca de um mês, é ali que comem, mas em contrapartida – e talvez como agradecimento – deixam o seu cantarolar. Os melros, por exemplo, deixam melodiosos sons que é um prazer para os sentidos. Comem-me as cerejas, mas dão-me música, ficamos quites.
Perante tantos visitantes, este ano decidi fazer um boneco e colocá-lo no topo da árvore, para ver se eles se assustavam e não me comiam tantas cerejas. Puro engano, de pouco ligaram ao boneco, comeram na mesma, não valeu o trabalho. Mesmo assim, este verão apanhei bastantes cerejas, pois a quantidade produzida foi muita.
Findo o verão e com o Outono à porta começa a folha a envelhecer, apresentando um colorido acastanhado e lentamente, com a ajuda do vento, vai caindo até ficar completamente sem nada. São centenas de milhares de folhas que eu vou apanhando ao longo de um mês. Quase todos os dias tenho que as varrer e apanhar.
Hoje estamos a comemorar o dia da natureza, não fiz nada de especial para esta ocasião, mas quis colaborar com todos aqueles que amam a natureza e a protegem, narrando uma história verídica que é a da minha cerejeira. Desta forma, podereis ficar a conhecer um pouco melhor a vida desta árvore, igual a tantas outras, mas diferente de todas, tal como cada um de nós.
A mãe natureza é única e essencial para o planeta, daí deve advir o nosso empenho na sua preservação, cuidando de manter tudo o que de mais belo e necessário ela possui, pois só assim temos direito a usufruir em pleno do magnífico paraíso em que Deus nos permite viver.


Este trabalho está integrado na campanha promovida pelo Movimento Natureza.


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